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16 julho 2014

Primeiro Trimestre - mês 1

A data de nascimento da Ana Carolina não estava marcada. Soube um dia antes na consulta, que no dia seguinte tudo seria novidade. E aí ela nasceu.
O primeiro mês de vida da Carol, na parte prática (sincera mesmo), foi uma mistura de alegria, zumbi e prova de fogo. Alguns dias foram bem marcantes pra nós, então eu decidi relatar porque, o que aconteceu foi determinante pra gente decidir várias coisas sobre o modo de criar nosso bebê.

Ainda na maternidade

Os desafios começaram na primeira noite. Era por volta de 23h quando de repente, ela engasgou. Deu aquela travada (tipo "meu Deus, não tá respirando!") e aí caiu minha ficha pra esse mundo lindo e hard que agora faço parte. Eu não sabia o que fazer. Nervosa, pedi para o Eduardo (meu marido) levar ela correndo para as enfermeiras do berçário. Fiquei sozinha e chorando, aquela coisa triste do puerpério sabe? A realidade me deu um tapa na cara.

Pausa

[Então é assim: Quando você não tem experiência com bebês, enquanto sua a mãe ou as enfermeiras estão por perto, tudo ok. Tudo flui. Na hora que elas te deixam.... As coisas se transformam. tô rindo disso que eu escrevi,mas na hora não]

Sensação de impotência, mãe pela primeira vez... Eu estudei, estudei, estudei, mas naquela hora NADA do que havia estudado me veio a cabeça. Poucos minutos depois, ela voltou super bem. E dormindo. Administraram fórmula, sem o meu consentimento (o que me deixou mais triste, sendo necessidade ou não, eu queria ser consultada), mas fiquei tão abalada com a situação que foi bom vê-la tranquila.



[Depois desse episódio, eu me liguei que havia estudado muito mais sobre parto e indicações reais e fictícias de cesárea do que desenvolvimento do bebê, amamentação, cuidados. Então eu decidi que ia entender do assunto. Determinei as 'diretrizes' que eu iria tentar seguir na educação/cuidados da Carol.
(tentar, em negrito: Porque eu já fiz coisas que eu tinha dito que não iria fazer. Nunca-diga-nunca sabe? )
 Eu tinha gostado muito de todas as informações que eu colhi durante a gestação,tanto que resolvi seguir a mesma linha. Escolhi ir atrás de  novos estudos, comprovações científicas, recomendações de órgãos mundiais da saúde, ler bulas, relatos de mães, para influenciar nossa tomada de decisão como pais.Tudo o que eu leio, compartilho com o meu marido. Isso nos levou a colocar na parede todos os achismos, sabedorias do senso comum, transmitidos fortemente pela nossa cultura, da bisavó para a avó, para a mãe, para a filha. Não que eu tenha tapado meus ouvidos. Eu sei que nem tudo é Ciência, e muito vem pela intuição. Não desprezo os saberes simples. Eu ouço os conselhos que vem da minha mãe, da minha sogra, da minha avó, de amigos íntimos. Mas digamos que, essa parte técnica da coisa, passa pela balança. Verifico, filtro o que serve para nós, converso com o meu marido (ele também pesquisa) e decidimos como ou o que vamos fazer. 
Fui adicionada ao Grupo Virtual de Amamentação no Facebook. O que eu tenho aprendido faz tanto sentido e dá tão certo, que o GVA se tornou minha grande base, minha biblioteca online, uma fonte de dados e relatos inesgotáveis. O pediatra da Carol também tem sua participação, mas ele atua mesmo quando algo não está ok. Tirando isso, ele é de poucas palavras, então o meu dia a dia é com o GVA.]

Naquela madrugada, por volta das 4h, ela acordou chorando muito. Era a fralda, carregadíssima. Foi o meu primeiro contato com aquele cocô tipo radioativo dos recém nascidos. Na verdade esse cocô tem nome, Mecônio. Tô contando isso, porque ao vê-la chorar daquele jeito, eu tremi na base mais uma vez. Aí, o super pai da Carol, já experiente (porque cuidou das minhas cunhadas), assumiu a troca da fralda. E depois disso, graças a Deus,  ela acalmou e o dia amanheceu. 

Aprendendo a amamentar/Aprendendo a mamar
Com insistência e paciência, a Carol aprendeu a mamar. E quanto aos bicos? Sim, já estavam machucadinhos, tava doendo, tava sensível, tava tenso (!!!), mas eu estava amamentando e era isso que importava.
No 3º dia, quando o leite desceu (e com tudo), para a minha surpresa ela não conseguiu mamar mais. Parecia que tinha desaprendido. Foi o meu 2º pico de desespero. Depois de passar o dia tentando, joguei a toalha e pedi para o Edu me levar para a maternidade. Cheguei lá acabada. Até que a enfermeira mais querida do mundo veio me buscar para fazer apoio nutriz. Ela explicou que não havia nada de errado comigo (já estava pensando nisso) e que era uma questão de paciência e insistência, a Carol não conseguia reconhecer mais o bico, provavelmente por causa da descida do leite. As mamas estavam doídas, rosadas e duras, eu pensei que já tinha empedrado, até a enfermeira me explicar que as mamas estavam engurgitadas, não chegaram a empedrar. 
- Céus, se isso não é leite empedrado, não quero imaginar o que é então.
Ela me ensinou várias posições para amamentar, me tranquilizou, tiramos leite com a 'Fantástica Bomba Elétrica da Medela', vulgo Esgotadeira e tentamos fazer a Carol mamar, mas ela não quis saber. Então, a medida provisória foi dar leite materno no copinho, até ela voltar a mamar. Insistindo muito com o peito antes,e apenas dar no copinho se não tiver jeito. A Carol não mamou por 4 dias seguidos. Mas depois de fazer o apoio nutriz, eu estava mais preparada pra encarar. 

Amarelão
Quando achei que os maiores sufocos tinham terminado, durante esses 4 dias eu tive de interná-la, ela teve icterícia neonatal (quando o amarelão se dá pela idade gestacional, não foi preocupante, mas precisou ser tratado). Meu Deus do céu. Ela não estava mamando e ainda teve que ficar 48h sem roupinha, com um tampão nos olhos pra fazer fototerapia! Judiação da minha menina. Poucos dias de vida. Chorava desesperadamente. Chorei junto, foi o meu 3º pico.  Até que ...no hospital, ela voltou a mamar. Que alegria, que alívio! Teve alta no dia seguinte quando completou 1 semana de vida. E como o mundo não pára, simultaneamente aconteceu colação de grau do meu esposo, que infelizmente não pudemos ver. Não teve jantar de formatura naquela noite. Teve dois pais cansados, que não viam a hora de ir embora.

Finalmente em casa
AÍ SIM, começamos nossa vida de verdade. Lar é o melhor lugar do mundo não é mesmo? Na semana seguinte fiz drenagem linfática para desinchar HORRORES, me cuidei com repouso e fiz a dieta pós parto certinho. Enquanto isso, nós seguíamos lidando com a nova rotina (que na verdade não existe, hahaha!) e buscando conhecer o bebê que foi morar na nossa casa. A Carol trocou o dia pela noite. Por mais de um mês, ficamos papeando madrugadas inteiras, ela sempre mamou à vontade. Livre demanda é o padrão dela, eu apenas sigo.
Quanto a nós, os pais, ficamos cansados mesmo, exaustos, buscando brechas para repor o sono, descansar um pouco. Na semana que ela internou, comprei uma esgotadeira elétrica doméstica; porque realmente foi necessário. Tinha leite materno pela casa inteira. Maravilha, vazava amor! E vaza até hoje. Minha sogra e minha mãe nos ajudaram muito. A faxina até hoje quem faz é a minha sogra. Não limpei, não cozinhei, não tomei banho sozinha. Fui cuidada por todos e, especialmente pelo meu marido. 


Ana Carolina com 17 dias.
Como ela era pequenina! 

Cólicas
A Carol teve 4 crises. Foi brabo. E foi tarefa do super pai dela, que fez massagem, usou bolsinha térmica de sementes ermbalou a pequena nos braços com muito amor. E graças a Deus, não teve mais. 

Acho que nos saímos bem nesse primeiro mês. Tirando o cansaço - a gente passa por cima -  nós vivemos esse período de adaptação de um modo que considero satisfatório. Ela engordou mais de 1kg, nunca mais deixou de mamar e - graças a Deus! - a pega dela é correta.
Agora, falando um pouco da parte bonita da coisa (hahahaha!) é exatamente como ouvimos por aí. A gente transborda... Mesmo com tantas coisinhas pra acertar, aprender... Nossa casa ficou cheia de felicidade.

Felicidade de 45cm de comprimento, mas com um potencial de amor enorme.

 Um mês apenas e a maternidade já me ensinou que, uma vez mãe -  não importa quanto tempo demorou pra acontecer - não é mais possível imaginar a vida sem minha filha. Aliás nós três, impossível minha vida acontecer sem eles. É muito amor. É muito bom formar uma família.  ♥



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